Ele fica! Acordo salva Glauber de cassação e dá suspensão de 6 meses


 Um acordo em cima da hora salvou o mandato de Glauber Braga (PSOL-RJ). Ele tomou uma suspensão de seis meses. Trata-se da segunda maior punição possível.

O que aconteceu

Foram 318 votos favoráveis e 141 contrários pela suspensão. Ele precisava de ao menos 257 votos, ou seja, maioria absoluta. Segundo o acordo, o PSOL também teve de votar a favor da suspensão.

A alteração foi aprovada para ser trocada a punição. Foram 226 votos para mudar a punição contra 220 contrários, que queriam manter a cassação. Isso foi na contramão da expectativa porque Glauber nunca teve muito apoio dos colegas de Câmara por ser considerado "antipático".

A salvação foi possível porque parte dos partidos do centrão liberou a bancada. A medida abriu margem para que parlamentares pudessem votar sem seguir orientação dos líderes de cada bloco. Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Câmara, também liberou o voto remoto, feito pelo aplicativo.

A articulação para salvar Glauber foi feita pela líder do PSOL. Talíria Petrone (RJ) conversou com deputados não ideológicos do centrão. Ela argumentou que havia exagero. Talíria disse que encontrou apoio em três partidos: União Brasil, PSD e PP.

Deputados de direita votarem pela suspensão alegando racionalidade. Eles justificaram que eram necessários 257 votos para aplicar uma punição e o centrão estava dividido.

A oposição preferiu votar pela suspensão de 6 meses para garantir a aplicação de uma pena. Caso contrário, faltariam votos para a perda de mandato e Glauber sairia ileso do processo porque os 257 votos pela perda de mandato não seriam alcançados.

O deputado Zé Trovão (PL-SC) acrescentou que Carla Zambelli foi ajudada por tabela. A cassação dela será votada hoje e ele argumentou que não há como o centrão salvar Glauber e não salvar Zambelli.

Atitude do PL gerou uma baixa. O vice-líder Bibo Nunes (PL-RS) se manifestou contra a orientação de Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), de votar contra a suspensão, e foi destituído do cargo pelo chefe.

Suspensão evita perda de direitos políticos. Se ele fosse cassado, perderia a possibilidade de ser eleito por oito anos.

Glauber respondia a um processo de perda de mandato por ter agredido um integrante do MBL. Ele deu um chute na vítima quando ambos estavam no estacionamento do Congresso Nacional. A tramitação da perda de mandato estava pronta desde abril e aguardava uma definição havia oito meses.

Glauber reclama de perseguição. O parlamentar diz que os demais deputados não gostavam dele por causa de suas denúncias sobre uso indevido de emendas. Ele acrescentou que as críticas a Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara até fevereiro deste ano, incomodaram a cúpula da Casa.

O parlamentar não nega a agressão, que foi filmada. Glauber alega que foi provocado pelo militante do MBL por sete vezes e perdeu o controle quando sua mãe foi xingada —ela estava doente e morreu pouco tempo depois.

Para defender a minha família, eu sou capaz de muito mais do que um chute na bunda. Muito mais.

Glauber Braga (PSOL-RJ)

Processo conturbado

O processo contra Glauber foi cercado de fatos polêmicos. O relatório pela perda do mandato do deputado foi aprovado no Conselho de Ética e depois pela Comissão de Constituição e Justiça.

O parlamentar fez greve de fome quando seu caso estava pronto para ser votado. Ele se recusou a comer e acampou em uma sala da Câmara onde são realizadas reuniões.

O protesto só acabou com um acordo com o presidente da Câmara. Hugo Motta (Republicanos-PB) acertou com Glauber de conceder 60 dias para ele buscar votos e evitar a cassação.

O prazo encerrava em agosto, mas a votação foi protelada. Além de Glauber, deputados bolsonaristas, incluindo o trio que fugiu do Brasil para escapar da cadeia, estavam na lista de punições, e a fila nunca andou.

Ontem, Motta tomou providências contra Glauber e os outros três. A decisão levou a uma escalada de atitudes que aumentaram a tensão entre governistas e oposição.

Ocupação e agressões

Glauber ocupou a cadeira do presidente da Câmara ontem e foi retirado à força. Motta ordenou que a Polícia Legislativa agisse e o deputado foi arrastado para fora do plenário em ação cercada de violência.

Deputados da esquerda tentavam segurar Glauber e agentes da segurança puxavam. Parecia um cabo de guerra com cada lado puxando o parlamentar.

A situação deixou feridos, e o Poder Legislativo foi parar na delegacia. Glauber e as deputadas Sâmia Bomfim (PSOL-SP) e Célia Xakriabá (PSOL-MG) registraram boletim de ocorrência por lesão corporal. Todos acusaram Motta pela decisão de agir com violência.

O presidente da Câmara foi acusado de dois pesos e duas medidas. A esquerda estava descontente porque bolsonaristas fizeram um motim para pressionar pela votação da anistia, e a Câmara deixou de funcionar por dois dias.

Em vez de acionar a Polícia Legislativa, Motta negociou. Ele recebeu os bolsonaristas em seu gabinete e fechou acordo para que terminassem o motim.

Nenhum deputado da direita foi punido até hoje. A situação enfraqueceu a autoridade de Motta entre os deputados, e sua atitude foi considerada demonstração de falta de firmeza.

Pacotão de fim de ano

Motta postergou decisões ao longo do ano. Ontem, anunciou uma série de decisões. Resolveu colocar em votação a cassação de Glauber e de Carla Zambelli (PL-SP).

A deputada foragida da Justiça está presa na Itália e terá seu processo julgado nesta noite. Durante a tarde, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara aprovou parecer que recomenda a perda do mandato.

O presidente da Câmara também determinou a contagem das faltas de Eduardo Bolsonaro (PL-SP). O deputado está nos Estados Unidos desde fevereiro e participou de somente 13 sessões neste anos, ultrapassando o limite de faltas.

Motta segurou o caso até ontem. Havia previsão de a verificação de frequência ocorrer somente em março do próximo ano, mas o presidente da Câmara reviu a decisão.

Também foi aberto processo contra Alexandre Ramagem (PL-RJ). Condenado pelo STF na trama golpista, ele fugiu para os Estados Unidos. Mesmo fora do país, continuou votando escondido pelo aplicativo da Câmara e ainda usou a cota parlamentar.

Por fim, o projeto de redução das penas para os presos do 8 de Janeiro foi aprovado. A proposta permite que aqueles que ainda estavam detidos sejam liberados e diminui a pena de Jair Bolsonaro (PL). Ainda é necessária a aprovação no Senado.

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