Deputado Murillo Gouvêa vota sim pelo PL da Dosimetria e ajuda a pavimentar retrocesso judicial
| Rodrigo Bacellar e deputado Murillo Gouvêa |
Na madrugada desta quarta-feira (10), a Câmara dos Deputados aprovou o polêmico PL da Dosimetria — projeto que visa reduzir as penas dos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, entre eles o ex-presidente Jair Bolsonaro e parte da cúpula que conseguiu abalar o Estado Democrático de Direito.
A votação terminou com 291 votos a favor e 148 contra (além de uma abstenção), surpreendendo pela rapidez e pelo horário — 2h27 da madrugada — e deixando evidente o uso da maioria parlamentar para garantir a aprovação.
🔥 O que muda — e por que é grave
O texto altera os critérios de dosimetria das penas: em vez de somar separadamente as punições por “tentativa de golpe de Estado” e por “abolir o Estado Democrático de Direito”, prevalecerá apenas a pena maior — reduzindo significativamente o tempo que muitos dos condenados terão de cumprir. Para réus como Bolsonaro, isso pode significar uma pena mínima de cerca de dois anos e quatro meses em regime fechado, contra os sete anos e oito meses previstos.
Além disso, o PL muda as regras de progressão de regime: mesmo crimes com “violência ou grave ameaça” passa a permitir a progressão após cumprido apenas 16% da pena, em vez de 25% — o que deve favorecer a solução antecipada de condenados.
Embora tenha sido apresentado como “ajuste técnico” no Código Penal, a medida funciona como um salvo-conduto pós-fato para um crime de extrema gravidade: tentou-se com isso aliviar as consequências penais de um atentado à democracia.
📌 Entre os que votaram um favor: o deputado Murillo Gouvêa (UNIÃO-RJ)
🧨 O sinal para o país
A aprovação da dosimetria penal nesta madrugada marca um retrocesso institucional — e simbólico — no ano que vive a polarização entre vozes que pedem justiça e responsabilização pelos atos de 8 de janeiro. Ao flexibilizar as penas de condenados por crimes contra a democracia, a Câmara dá um recado claro sobre o comprometimento com uma proteção branda a réus de alta periculosidade jurídica e política.
O projeto agora segue para o Senado Federal, onde pode ser confirmado — ou barrado. Mas o estrago já está feito: a manobra legislativa expõe o funcionamento de um Congresso ágil para defender seus aliados, mesmo à custa da memória cívica e da exigência de responsabilização por crime grave contra a estrutura democrática.
Comentários
Postar um comentário