PGR denuncia Bolsonaro e mais 33 por tentativa de golpe de Estado.

 

A PGR (Procuradoria-Geral da República) denunciou nesta terça-feira (18) o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e mais 33 pessoas por tentativa de golpe de Estado em 2022. Bolsonaro é acusado de cinco crimes: organização criminosa armada, abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.

O que aconteceu

É a primeira denúncia contra um ex-presidente da República por tentativa de atacar o Estado democrático de Direito. A acusação inédita teve como base o inquérito que investigou o ex-presidente e seus principais auxiliares, como os ex-ministros Braga Netto e Augusto Heleno, ambos generais da reserva do Exército. Bolsonaro é acusado de liderar a organização criminosa para tentar se manter no poder, mesmo após a derrota para Lula nas eleições de 2022.

As denúncias contra os 34 investigados foram divididas em cinco peças. O objetivo, segundo o procurador-geral da República, Paulo Gonet, é otimizar o andamento dos processos. Bolsonaro foi denunciado junto com os ex-ministros Braga Neto (Casa Civil), Paulo Sérgio Nogueira (Defesa), Anderson Torres (Justiça) e Augusto Heleno (GSI). Também foram denunciados na mesma peça o ex-diretor-geral da Abin Alexandre Ramagem e o ex-comandante da Marinha Almir Garnier.

Evidenciou-se que os denunciados integraram organização criminosa, cientes de seu propósito ilícito de permanência autoritária no Poder. Em unidade de desígnios, dividiram-se em tarefas e atuaram, de forma relevante, para obter a ruptura violenta da ordem democrática e a deposição do governo legitimamente eleito, dando causa, ainda, aos eventos criminosos de 8.1.2023 na Praça dos Três Poderes
Trecho da denúncia da PGR contra Jair Bolsonaro e seus aliados.

Para a PGR, o ex-presidente liderava o núcleo "crucial" da trama golpista. A denúncia diz que a tentativa de golpe começou com discursos de Bolsonaro atacando o sistema eleitoral ainda em julho de 2021 e culminou com os atos golpistas de 8 de Janeiro. Gonet ainda afirma que a trama só não foi bem-sucedida devido à falta de apoio dos então comandantes do Exército e da Aeronáutica.

"A responsabilidade pelos atos lesivos à ordem democrática recai sobre organização criminosa liderada por Jair Messias Bolsonaro, baseada em projeto autoritário de poder. Enraizada na própria estrutura do Estado e com forte influência de setores militares, a organização se desenvolveu em ordem hierárquica". Trecho da denúncia da PGR contra Bolsonaro e seus aliados

Depoimentos dos comandantes. 

Os ex-comandantes do Exército, general Freire Gomes, e da Aeronáutica, tenente-brigadeiro Carlos Baptista Júnior, também depuseram à PF afirmando que Bolsonaro tratou sobre a minuta golpista com eles. Os dois, porém, teriam se recusado a participar do plano. Além disso, a investigação recuperou uma reunião entre Bolsonaro e o general Estevam Theóphilo, em 28 de novembro de 2022, na qual o general teria aceitado a proposta golpista do então presidente. Na época, Theóphilo comandava o Coter, o Comando de Operações Terrestres.

"As ações progressivas e coordenadas da organização criminosa culminaram no dia 8 de janeiro de 2023, ato final voltado à deposição do governo eleito e à abolição das estruturas democráticas. Os denunciados programaram essa ação social violenta com o objetivo de forçar a intervenção das Forças Armadas e justificar um Estado de Exceção." Trecho da denúncia da PGR contra Bolsonaro e seus aliados.

Gonet vincula a atuação da Abin paralela a Bolsonaro. 

A denúncia aponta que documentos encontrados pela PF, incluindo troca de mensagens entre Ramagem e o ex-presidente no Whatsapp, mostram que o ex-diretor da Abin assessorava o presidente e produzia discursos com fake news sobre as urnas e sobre fraude nunca comprovada na eleição de 2018. A Abin também teria produzido dossiês e os repassado para apoiadores difundirem desinformação, como ataques ao sistema eleitoral.

"Especificamente em relação ao sistema eletrônico de votação e aos ministros do Supremo Tribunal Federal/Tribunal Superior Eleitoral, as ações da célula de contrainteligência intensificaram-se a partir da radicalização dos discursos públicos de Jair Bolsonaro, em meados de 2021, caracterizando o início coordenado da execução do plano maior de ruptura com a ordem democrática."
Trecho da denúncia da PGR contra Jair Bolsonaro e seus aliados.

Veja a lista dos 34 denunciados pela PGR

AILTON GONÇALVES MORAES BARROS
ALEXANDRE RODRIGUES RAMAGEM
ALMIR GARNIER SANTOS
ANDERSON GUSTAVO TORRES
ÂNGELO MARTINS DENICOLI
AUGUSTO HELENO RIBEIRO PEREIRA
BERNARDO ROMÃO CORREA NETTO
CARLOS CESAR MORETZSOHN ROCHA
CLEVERSON NEY MAGALHÃES
ESTEVAM CALS THEOPHILO GASPAR DE OLIVEIRA
FABRÍCIO MOREIRA DE BASTOS
FILIPE GARCIA MARTINS PEREIRA
FERNANDO DE SOUSA OLIVEIRA
GIANCARLO GOMES RODRIGUES
GUILHERME MARQUES DE ALMEIDA
HÉLIO FERREIRA LIMA
JAIR MESSIAS BOLSONARO
MARCELO ARAÚJO BORMEVET
MARCELO COSTA CÂMARA
MÁRCIO NUNES DE RESENDE JÚNIOR
MÁRIO FERNANDES
MARÍLIA FERREIRA DE ALENCAR
MAURO CÉSAR BARBOSA CID
NILTON DINIZ RODRIGUES
PAULO RENATO DE OLIVEIRA FIGUEIREDO FILHO
PAULO SÉRGIO NOGUEIRA DE OLIVEIRA
RAFAEL MARTINS DE OLIVEIRA
REGINALDO VIEIRA DE ABREU
RODRIGO BEZERRA DE AZEVEDO
RONALD FERREIRA DE ARAÚJO JÚNIOR
SÉRGIO RICARDO CAVALIERE DE MEDEIROS
SILVINEI VASQUES
WALTER SOUZA BRAGA NETTO
WLADIMIR MATOS SOARES

Fonte: UOL

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